Ser diplomata é uma carreira repleta de desafios, que exige dedicação, deslocamentos constantes e uma intensa rotina de trabalho. Ser pai, por sua vez, é um universo à parte. Para Rômulo Neves, pai de três filhos, Elias, de 12 anos; Eduardo, de 10; e Letícia, de 9, a paternidade é a realização de um sonho. “A adoção sempre foi um tema na minha vida, um plano de muitos anos que foi concretizado há três anos e meio. Para mim, a paternidade, nesse momento, é quase um conto de fadas”, conta.
Mas Neves relata que existem desafios entre conciliar carreira diplomática e os momentos em família. “Reconhecer os limites do nosso tempo é fundamental. Saber combinar, saber partilhar esse tempo entre prioridades que, muitas vezes, disputam espaço, é o maior desafio. Acho que estou conseguindo, mas não é simples ou fácil de equacionar.”
Ao ser questionado sobre o que sonha para os filhos, o diplomata é enfático ao afirmar que deseja que eles encontrem um país melhor do que aquele em que ele cresceu. “Que tenham um Brasil mais igualitário, livre de preconceitos, racismo e sexismo; um Brasil mais pacificado, com menos violência, menos pobreza e menos fome. Essa é a base para uma vida digna e feliz.”
William Placides, pai de João Felipe, de 14 anos; William, de 12 anos; e Teodoro, de 4 meses, enxerga a paternidade como uma feliz escolha que complementa sua jornada profissional. “A carreira diplomática chegou para mim como um grande alento, com alegria e a perspectiva de dar um futuro melhor para meus filhos, com experiências de vida muito ricas.”
Entretanto, o diplomata destaca que a rotina diplomática impõe desafios à paternidade. “Colegas mais antigos falam sobre a educação dos filhos fora do Brasil. No meu caso, temos uma família numerosa, e muitos postos são restritivos por conta do custo elevado das escolas internacionais. Isso é um desafio, pois no Ministério não temos suporte para custear essa educação, algo que outras chancelarias já oferecem.”
Além disso, Placides destaca que a licença-paternidade oferecida aos homens no Brasil dificulta a participação plena dos pais nos primeiros momentos da vida dos filhos. “Eu acredito que a gente poderia adotar práticas melhores aqui no Ministério, de forma que pais e mães pudessem dividir as licenças paternidade e maternidade da forma que melhor atender ao casal e, assim, atender ao desenvolvimento dos pequenos.”
Para William, o sonho maior é que seus filhos sejam felizes e tenham sorte na vida. “Eu quero que eles sejam felizes nas suas escolhas, nos seus caminhos e que possam contar com o pai como suporte para aconselhá-los e estar sempre presente em tudo que precisarem.”
A secretária-geral das Relações Exteriores, embaixadora Maria Laura da Rocha, atendeu ao pedido de audiência da ADB Sindical e do Sinditamaraty e recebeu representantes das entidades sindicais para tratar de temas como contingenciamento orçamentário, cronograma de remoções, banco de horas, auxílio-moradia e diárias. A reunião ocorreu na segunda-feira (21/7) e contou com a presença do secretário de Gestão Administrativa, embaixador Denis Fontes de Souza Pinto.
Durante o encontro, os representantes sindicais reiteraram à Administração demandas pelo pagamento tempestivo de diárias e do auxílio-moradia no exterior. Reforçaram a importância de regularidade e previsibilidade nos mecanismos de remoções.
A Administração indicou a liberação de recursos para o pagamento do auxílio-moradia e dos salários de contratados locais até o final do mês. Em relação às diárias, a Administração relatou os esforços no sentido de conter gastos com viagens, e de garantir pagamento regular de diárias em futuras missões.
Em relação ao mecanismo de remoções em curso, a Administração reiterou a expectativa de recursos até o final de agosto, para executar as remoções ainda no segundo semestre. Os sindicatos demandaram informações sobre o mecanismo do segundo semestre, e sugeriram que ele seja mantido, com prazo mais dilatado entre a remoção e a partida dos servidores e servidoras.
Os representantes sindicais reiteram o pleito por novas regras de compensação de horas extras e a implementação do banco de horas. A Administração assumiu o compromisso de apresentar uma proposta em breve.
Discutiu-se também a situação do orçamento do Itamaraty, que corresponde a apenas 0,08% do orçamento da União. A bancada sindical e a Administração sugeriram a possibilidade de coordenar estratégias de articulação parlamentar em prol do orçamento do Ministério.
Em 3 de julho, as diretorias da ADB Sindical e do Clube das Nações formalizaram a assinatura do contrato de cessão de uso do imóvel que abrigará, em breve, a nova sede do sindicato. O novo espaço se somará à atual sede localizada no 3º andar do Anexo I do Ministério e permitirá ampliar os serviços prestados aos associados e associadas, ao mesmo tempo em que favorecerá uma maior integração com o Clube das Nações, reconhecido como espaço de memória, socialização e fortalecimento dos vínculos entre os membros do Serviço Exterior e suas famílias.
O presidente da ADB Sindical, Gustavo Buttes, celebrou a iniciativa e reforçou o caráter estratégico da parceria. “Estamos muito felizes por dar início a essa nova fase, que une representatividade, história e convivência em um único espaço. A nova sede fortalecerá nossa atuação institucional e trará ainda mais significado à parceria já de longa data entre a ADB e o Clube das Nações”, afirmou.
A cessão do espaço para a nova sede da ADB Sindical no Clube das Nações foi firmada por um longo período, garantindo estabilidade e previsibilidade à atuação institucional do sindicato. O investimento total na adaptação do imóvel, somado ao valor mensal que será pago ao Clube — seja em recursos financeiros ou por meio de benfeitorias estruturais —, equivale ao custo de aluguel de uma sala comercial com menos da metade da metragem da nova sede.
Aurimar Nunes, ministro de segunda classe, lembra com clareza o impacto do diagnóstico de autismo nível 3, grau mais severo do Transtorno do Espectro Autista (TEA), da filha Bruna, durante missão. "É um diagnóstico que mexe com toda a família. Tanto é que, poucos meses depois da chegada ao Posto, pedi para voltar a Brasília”.
Desde então, a condição da filha passou a influenciar diretamente os destinos das remoções. “Eu acho muito difícil vivermos em apartamento, por exemplo, principalmente esses mais próximos uns dos outros. Sempre procuro um lugar que tenha não só serviços de saúde, acompanhamento, cuidados e instituições, mas também estrutura para o nosso dia a dia. Isso pesou quando viemos para Assunção. Buscávamos um lugar onde pudéssemos morar em uma casa, o que, na minha opinião, traz um bem-estar muito maior para a nossa família.”
Quem também entende essa realidade é a ministra de segunda classe e co-fundadora do Comitê das Pessoas com Deficiência do Itamaraty, Christiane Aquino. Mãe do Vito, adolescente de 15 anos com síndrome de Down e autismo, a diplomata reconhece os avanços institucionais, mas afirma que ainda há muito a ser feito.
“Acho que a gente já avançou bastante, mas ainda há espaço para avançar. Vale a pena destacar a necessidade de uma maior formalização e institucionalização dos direitos das pessoas com deficiência e dos servidores do Itamaraty, por maior inclusão laboral e adaptabilidade.”
Christiane chama atenção para a importância de revisar as regras de remoção, que hoje não consideram as especificidades de todos os Postos. “Quando a gente pede flexibilização das regras, não é a vontade de somente servir em Postos A, até porque há Postos A que não respeitam os direitos das pessoas com deficiência. Na Suíça, por exemplo, as crianças com deficiência são separadas, segregadas da escola regular.”
Outro relato vem de um secretário de primeira classe, que prefere não se identificar. Diagnosticado com autismo aos 40 anos, ele percebeu os sinais da neurodivergência ainda na juventude. Ao longo da carreira, ele conta que enfrentou diversos entraves relacionados ao ambiente de trabalho.
Para o secretário, algumas medidas como espaços físicos adaptados, rotinas bem definidas, o uso de horários flexíveis ou trabalho remoto contribuem para reduzir o estresse e os estímulos excessivos.
Neste dia 18 de junho, a ADB Sindical reafirma seu compromisso com a construção de um MRE mais acolhedor, empático e sensível às necessidades das pessoas com autismo, onde cada servidor e cada familiar tenha assegurada sua dignidade e bem-estar.